Trocar o cuscuz pelo pão de queijo e o bolo de fubá pela macaxeira, descobrir uma nova vizinhança em uma recente Bahia, construir diferentes rotinas e reinventar maneiras para lidar com a saudade. O desafio de quebrar conceitos formados e construir uma vida de serviço à humanidade. Meu Deus: nunca casamos!

E foi por isso que criamos o Blog Luiza e Raul: vamos casar, e agora?, um espaço especial, aberto para que amigos e familiares edifiquem conosco estes dias únicos de intensa alegria. Aqui poderemos trocar idéias sobre a verdadeira natureza do casamento, compartilhar histórias que vivenciamos, somar conhecimentos, sugestões e conselhos às nossas decisões e nos preparar para o dia 14 de novembro, quando uniremos horizonte e mar.



quinta-feira, 12 de maio de 2011

Feliz vida nossa!

Esta é uma daquelas declarações públicas que eu jamais me proporia a fazer. Daquelas que se lambrecam de amor e colorem as doces emoções de uns poucos solitários românticos. Declaração do tipo que se deixa escapar confidências e segredos que, do casal, não partem para qualquer lugar. Daquelas que, após a leitura, se descobrem cenas, detalhes e cheiros que fazem parte de um relicário secreto que ninguém mais pode ver.


Uma declaração como esta cai super bem com nosso pinguim de geladeira e o puxa-saco de galinha d'angola que se estampa na porta metálica da área de serviço. Olho, neste momento, para os dois. Um deles, em minha imaginação nunca antes tão fértil, cantarola algo como Fagner e quem me dera ser um peixe. Do seu lado, a galinha preta de bolinhas brancas cisca e levanta a pata: parece suspirar apaixonada.


Ah, Raul! Quer dizer, aqui vai melhor Tchuchuquinho. Ah, Tchuchuquinho! Nunca o tempo se mostrou tão efêmero quanto estes últimos. As horas, os dias, as semanas e os meses se encurtam frente ao nosso desejo de permanecer juntos pela eternidade. E num texto, quase confissão, como este, devo admitir: nós (e ninguém deve saber disso!) descobrimos como paralisá-lo. Não há qualquer tic tac pelo mundo quando nos abraçamos após um dia sem se ver. Vc, suado e cansado do trabalho, exala a fragrância dos pombos que encantam comensais na Lapa, enquanto eu, do meu lado, seguro em uma das mãos a bucha do banheiro e na outra, da cozinha. Nesse aconchego afetuoso, me perco e já não sei mais qual é qual. E tudo é amor. E tudo é tão lindo!


De noites insones, planejando cerimônia, entendendo o casamento e reinventando cadeiras numa lista de convidados que pede, inultimente, por aumentar, recortamos dias cinzas de uma Salvador ainda distante. E nos descobrimos um no outro após os desafios cotidianos. A rotina traz consigo uma intimidade engraçada. E me divirto com suas costas e tudo o que encontro ali; com a tesoura e sua axila perfumada; e com seus pés e as unhas molhadas.

O amor é doce, amorzinho. E se propõe a aventuras inéditas.


Este texto, e todos os nossos aproximados 330 dias, cantam o quanto sou feliz com vc! E, como toda declaração original, terminarei a minha revelando que viverei para sempre ao seu lado. Visitarei as delegacias quando necessário e enfrentarei vendedoras de acarajé que fazem barreirinhas nas festas de Iemanjá. Pagarei mais caro pela sua coca-cola de turista e calmamente te esperarei para o jantar.


Aliás, teremos hoje flores e mar.




Momento de carinho!

terça-feira, 19 de abril de 2011

Paredes brancas que reluzem a luz que dali emana; toalha vermelha, azul, amarela, verde e branca que esboça a explosão de cores que pode se testemunhar ali; pratos brancos e detalhes vermelhos nos talheres, copos e outros utensílios que revelam um cuidado bordado de suave ternura. Mais adentro, uma arara - objeto físico de uma criatividade inovadora, enfeitada por recortes de feiras brasileiras, donde encontramos lonas listradas dispostas a carregar frutas e legumes e, aqui, guardam nossos sapados e nossos caminhos. Livros no canto da parede, rodeados por algumas malas que anunciam em silêncio: 'estamos chegando'. E um cheiro leve de alecrim permeia nossos ares, refrescando o Máximo Nome deitado nos pés de madeira, a esteira de palha envolta em nosso azul familiar e, finalmente, o Farol da Barra exposto elegantemente ao lado da janela, olhando, agora, para o origami dançando ao vento que por ali passa. Tudo parece cantar a atmosfera que se fez presente desde o último abril: é este o nosso lar, nossa morada que pretende se abrir como refúgio e ponto de luz para a humanidade.


terça-feira, 5 de abril de 2011

Então ele com um pequeno pau rabisca na poeira do chão: AZUL. Fica a olhar o desenho, com a cabeça inclinada sobre o ombro. Afinal, ele também sabia escrever? Averiguou as mãos quase com medo. Que pessoa estava em si e lhe ia chegando com o tempo? Esse outro gostaria dele? Chamar-se-ia Muindinga? Ou teria outro nome, desses assimilados, de usar em documento?


Mais um vez contemplo a palavra escrita na estrada. Ao lado, volta a escrivinhar. Lhe vem uma outra palavra, sem cuidar na escolha: LUZ. Dá um passo atrás e examina a obra. Então, pensa: a cor AZUL tem o nome certo. Porque tem as iguais letras da palavra LUZ, fosse o seu feminino as avessas.


Mia Couto, em Terra Sonâmbula

segunda-feira, 28 de março de 2011

quarta-feira, 23 de março de 2011

Chá de Lua

Não era um dia qualquer. Tudo parecia haver se preparado carinhosamente para aquele momento. O ar fino e suave abria um céu claro que, mais tarde, receberia um encantador luar, por nós nunca visto antes. Poderiam ser, quem sabe, anúncios e prenúncios do que se faria amor em nossos corações compartilhados.

Aos poucos, a casa de tijolo aparente ganhava sotaques, cheiros e costumes. As toalhas de chita que cobriam as mesas levavam também tachos de doces típicos e bandeiras de duas terras distantes que, por aqui, não cabiam em divisas. Como um rio que liga pontas, se tornaram um único leito. Ficaram imersas nas águas entrelaçadas do Velho Chico que une montanha e mar. “E era como naquele imenso rio se desenrolassem os fios da história, novelos antigos onde nossos sangues haviam se misturado”.

Soltas pelos ares estavam nossas mais sinceras expressões. Imagens de uma devoção admirável e surpreendente, palavras de uma delicada sutileza. Uma a uma, eram substituídas por sopros de alegria que se dirigiam a nós: os noivos.

E ao fundo, embalando os abraços mais apertados, as conversas mais saudosas e as novidades mais felizes, o som da zabumba, do triângulo e da sanfona, tão nordestinos como apenas eles, foram ainda capazes de unir em dança uma gente mineira. Os sorrisos e os olhares revelavam reencontros para uns, e reconhecimento para outros.


Obs. A próxima postagem será daquelas que organizaram, programaram e construíram conosco este momento. Postaremos, nesta oportunidade, fotos da galera!


segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

Chá de Panela!

Será uma grande alegria celebrar com todos os amigos este momento especial! Daremos início a uma mega-jornada-de-Chá-de-Panelas-Luiza-e-Raul! Faremos três: o primeiro deles, ainda este semestre (como vocês podem ver no convite acima), será em Belo Horizonte, no dia 19 de março. Os próximos acontecerão em Maceió e Salvador e ainda não têm data marcada.
Estamos bolando uma programação original e esperamos que gostem e compareçam!
Para aqueles que residem em outras cidades e desejam participar de alguma forma: enviando uma criação própria ou outro presente pelo correio e até depositando a "ajudinha" em nossa conta bancária, entrem em contato conosco!

Aguardem novidades!

quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

Chuva de idéias!

“Bora, Raul, pensar em alguma coisa?". A frase seguida de mais uma daquelas mordidas doídas, em alguma parte do corpo, permitidas pelos bons hábitos familiares, evidenciava a vontade de escrever algo no espaço criado recentemente para falar de nossas aventuras "casamentescas". Aqueles dias regados a trabalho, atividades bahá'ís, universidade e busca por apartamento se misturavam à crescente sensação de que o tempo passava rápido demais para ser verdade e exigia urgentemente nosso envolvimento com os preparativos.

Já reservaram o local? Será que as pessoas de Minas, Espírito Santo e outros lugares conseguem achar passagem barata? Vamos fazer algo simples mães! Não pode fazer de qualquer jeito. E a programação? Comida? Chá de Panela? Vamos fazer alguma coisa que tenha a nossa cara! Seu pai já desenhou os convites? Será que Vanessa já pagou o local? Vamos chamar o Restart para tocar no nosso casamento, anunciar aos quatro ventos e servir acarajé com doce de leite e cuscuz!

Quantas coisas a se pensar! Por isso, amigos, pedimos a ajuda de vocês: brainstorming! Deixem suas idéias! Abram suas mentes e nos escrevam qualquer coisa que pensar: para a cerimônia, desde a parte devocional, incluindo celebração, criação de momentos e espaços, até uma possível recepção; para os chás de panelas (em BH, Maceió e Salvador!); para a lua de mel; casa nova; convites; enfim, o que der na telha!



Nota: todos os textos são escritos a duas mãos - uma esquerda, Luiza, e uma direita, Raul.

segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

"Pro que der e vier"


Começamos sem rumo certo. Sem saber quem éramos ou o que iríamos fazer. Perdidos em tempos e lugares diferentes. Horizontes distantes, mares imensos. No entanto, o destino brincava sem receios ao definir o rumo da caminhada intensa por vir. Foi quando o sol, vivo e certeiro como nunca antes visto, derramou seus raios sobre belas montanhas, iluminando o caminho que conduziria às águas de um azul turquesa, azul este que se pluralizava em piscinas, petróleos, marinhos, claros e escuros. Enquanto a luz mostrava o caminho, as cores do azul davam conta de protegê-lo, bordando-se nesta combinação um leito tão claro quanto ao do velho Chico em noites quentes de verão, rasgando as curvas secas entre o cume alto e o nível do mar.